CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

 

Introdução

O câncer de colo de útero se inicia no colo uterino da mulher, que é a parte do útero que fica no fundo da vagina. O útero é o órgão que envolve o bebê durante a gravidez e ao nascer de parto vaginal, o bebê passa pelo canal central do colo uterino.

Este tipo de câncer costuma apresentar crescimento lento. Durante vários anos, células da superfície do colo do útero se tornam anormais. No início, estas anormalidades ainda não se caracterizam como um câncer e são denominadas displasias. Porém algumas dessas alterações ou displasias podem dar início a uma série de alterações que podem levar ao aparecimento do câncer de colo de útero.

Algumas displasias se curam espontaneamente, sem tratamento, mas sendo algumas pré-cancerosas, todas necessitam de atenção para evitar o aparecimento do câncer.

Geralmente o tecido displásico pode ser retirado ou destruído sem atingir tecidos saudáveis, mas em alguns casos, a histerectomia (retirada total do útero) pode ser necessária. A decisão do tratamento da displasia depende de alguns pontos:

  Tamanho da lesão e quais tipos de alterações ocorreram nas células

  Se a mulher planeja ter filhos no futuro.

  A idade da mulher

  A saúde geral da mulher

  A preferência pessoal da mulher e do seu médico

Se células pré-cancerosas se transformam em células verdadeiramente tumorais e se espalham mais profundamente no colo uterino ou outros órgãos e tecidos, a doença é chamada de câncer de colo uterino ou cervical (vindo da palavra cérvix, outro sinônimo para colo de útero).

O câncer cervical está dividido em dois tipos principais, baseados no tipo de célula do qual o câncer se originou:

  Carcinoma de células escamosas - representa de 85% a 90% de todos os casos

  Adenocarcinomas - cerca de 10%

Incidência

A incidência deste câncer permanece alta no Brasil. Estimam-se 20.000 casos novos por ano no país, ocupando o terceiro lugar entre os cânceres mais incidentes no sexo feminino.

Mortalidade

Ainda é a terceira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, com 3.300 óbitos estimados anualmente. Em São Paulo, perfaz 5,9% dos óbitos femininos por câncer; se forem somadas as mortes atribuídas a todos os cânceres do útero, chega-se a 1.233 óbitos (10,2% do total).

Fatores de risco

Os fatores de riscos aumentam as chances do aparecimento do câncer do colo de útero nas mulheres. Alguns destes fatores estão relacionados ao estilo de vida.

O fator de risco mais importante é a infecção pelo papilomavírus humano, o HPV. O HPV é transmitido de uma pessoa a outra através de relação sexual. O risco de adquirir HPV está aumentada quando:

  Se inicia atividade sexual muito jovem

  A mulher tem muitos parceiros (ou tem relações com um homem que teve muitas parceiras)

A mulher que tem relações sexuais com homem que apresente verrugas no pênis ou outra doença sexualmente transmissível também apresenta maiores chances de desenvolver câncer de colo uterino.

A Infecção por HIV (o vírus da AIDS) também constitui um fator de risco. Uma mulher HIV positiva possui um sistema imunológico menos capaz de lutar para eliminar cânceres iniciais.

Mulheres fumantes têm duas vezes mais chance de câncer de colo do que as não-fumantes.

Outros fatores de risco estão relacionados á circunstâncias fora do controle da mulher:

  Mulheres com sistema imunológico suprimidos devido ao uso de corticóides sistêmicos, transplantes ou terapias para outros tumores ou AIDS.

  Mulheres de baixo nível sócio-econômico têm maiores riscos, provavelmente por não fazerem exames preventivos regulares.

  Meninas menores que 15 anos tem baixo risco deste tipo de tumor. O risco aumenta dos 20 aos 35 anos. Acima de 40 anos as mulheres ainda têm riscos e devem continuar fazendo Papanicolau regularmente.

Sinais de alerta

A maioria das mulheres não apresenta qualquer sinal ou sintoma na fase de displasia ou no câncer de colo inicial.

Os sintomas aparecem quando o câncer invade outros tecidos ou órgãos.

Abaixo estão listados alguns sinais e sintomas possíveis de displasia ou câncer cervical:

  Pequenos sangramentos fora do período menstrual

  Menstruação mais longa e volumosa que o usual.

  Sangramento após relação sexual ou ducha vaginal ou exame vaginal.

  Dor durante a relação

  Sangramento após a menopausa

  Aumento de secreção vaginal

Quando apresentam alguns destes sintomas muitas mulheres tendem a ignorá-las por parecer que estão relacionados com condições pouco sérias. Quanto mais tempo de leva para diagnosticar o câncer de colo e mais tempo se demora em iniciar o tratamento, piores são as chances de cura. Qualquer destes sintomas deve ser relatado ao médico.

Diagnóstico precoce

O exame ginecológico regular é o melhor método para o diagnóstico precoce. Toda mulher sexualmente ativa deve realizar os exames preventivos de acordo com o calendário estabelecido pelo seu médico (a cada 1 a 3 anos).

Se o medico percebe alterações no colo de útero durante o exame ginecológico e no Papanicolaou, ele pode tratar como infecção e depois repetir mais uma vez o exame após o tratamento.

Se o exame continuar alterado, uma colposcopia será feita para checar o colo uterino, procurando áreas suspeitas. O colposcópio é o instrumento que é inserido na vagina para o exame. Este exame não é doloroso e não apresenta qualquer efeito colateral. O colposcópio dá uma visão aumentada e iluminada dos tecidos da vagina e colo de útero.

O próximo passo pode ser a realização de uma biópsia. A biópsia é um pequeno fragmento retirado de áreas suspeitas para exame microscópico. Se a lesão for pequena, o medico poderá tentar retirá-la totalmente durante a biópsia. Para a biópsia o médico pode utilizar alguns métodos:

  Usar um instrumento para extrair um fragmento do colo de útero.

  Dentro co canal do colo o medico poderá recolher material com uma pequena curetagem, raspando material do canal cervical.

  A biópsia em cone ou conização remove uma parte do colo de útero em forma de cone. Esta técnica é bastante usada para tratamento de lesões pré-cancerígenas ou tumores iniciais.

Com exceção da conização, estes procedimentos geralmente são realizados no consultório medico usando anestesia local. Podem causar sangramento e desconforto semelhante á cólicas menstruais. A conização é feita com anestesia geral ou parcial (peridural, raquianestesia), necessitando hospitalização.

Se a biópsia confirma câncer de colo uterino, o paciente pode ser encaminhado para um especialista para tratamento. O especialista poderá pedir e fazer exames adicionais para avaliar se o câncer está além do colo de útero.

Estadiamento

Após o diagnósticos exames adicionais com radiografias podem ser realizadas para avaliar se o tumor se espalhou para outras áreas do corpo. O câncer é estadiado conforme a sua extensão de acometimento. Sabendo do estágio, o medico pode decidir sobre o melhor tratamento e avaliar prognósticos.

No Estadiamento uma ferramenta chamada de sistema TNM é freqüentemente empregada. É uma maneira de descrever o tumor primário e o acometimento de outras áreas do corpo.

TNM é a abreviação de tumor (T), linfonodo (node, em inglês) (N), e metástases (M). Baseado no TNM, o câncer é classificado nos estágios:

  Estágio 0: O tumor é denominado carcinoma in situ. Em outras palavras, o câncer está superficial no colo do útero, não atingindo camadas mais profundas de tecidos.

  Estágio I: O tumor atinge tecidos mais profundos, mas se limita ao útero.

  Estágio II: O tumor invade áreas vizinhas ao colo uterino como a vagina, mas ainda está dentro da área pélvica.

  Estágio III: O tumor se espalhou para a parte inferior da vagina ou da parede pélvica. O tumor pode estar bloqueando os ureteres (tubos que levam a urina dos rins até a bexiga).

  Estágio IV: O tumor atinge a bexiga ou o reto ou já atinge órgãos distantes, com os pulmões.

Os termos recorrência ou recaída significam a volta da doença após já ter sido tratada. Ela pode voltar tanto no colo de útero quanto em outra parte do corpo.

Como se espalha

Uma vez que o câncer de colo do útero tornou-se invasivo, ele pode envolver localmente a parte superior da vagina, parede pélvica, podendo atingir até a bexiga, e ureteres (a ligação dos rins com a bexiga), causando obstrução e insuficiência renal. O tumor pode também invadir o sistema linfático, atingindo linfonodos na parede pélvica. Metástases através do sangue, atingindo outros órgãos, são muito raras.

Tratamento

Dentre os tratamentos mais comuns para o câncer de colo de útero estão a cirurgia e a radioterapia, mas a quimioterapia e a terapia biológica também são usadas em alguns casos. O tipo de tratamento que o doente receberá depende do estadio da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais como idade de desejo de filhos no futuro.

Cirurgia

A cirurgia remove o tecido tumoral. Para o câncer cervical que estejam restritos ao colo, os seguintes procedimentos podem ser usados:

  A criocirurgia destrói as células tumorais por congelamento.

  A cirurgia a laser destrói o tumor usando um feixe de luz intensa.

  A conização retira um pedaço do colo em forma de cone para remover o tecido tumoral.

  A histerectomia remove o útero e colo. A salpingo-ooforectomia bilateral retira as duas trompas e os dois ovarios e é realizada no mesmo tempo cirúrgico com a histerectomia.

Para tumores que atingem estruturas além do colo, outras opções de cirurgia são usadas:

  A histerectomia radical remove o colo do útero, útero, parte da vagina, e linfonodos regionais.

  A exanteração pélvica, que remove útero, vagina, colon baixo, reto ou bexiga, geralmente feita após radioterapia.

Radioterapia

A radioterapia utilize-se de radioatividade para matar as células tumorais e impeder o seu crescimento. Na radioterapia externa a radiação vem de um grande aparelho posicionado para direcionar feixes radioativos em determinada direção. A radioterapia interna ou braquiterapia usa materiais radioativos que são colocados diretamente no colo de útero através de tubos ou agulhas.

Quimioterapia

A quimioterapia usa drogas ou medicamentos para matar as células tumorais. Ela pode ser indicada como tratamento único em doenças mais avançadas. Uma droga ou combinação de várias drogas podem ser usadas, dependendo de cada caso. A eficácia da quimioterapia, no entanto, para o tratamento da doença metastática é baixa.

A quimioterapia, ultimamente, tem sido utilizada na potencialização do tratamento radioterápico, aumentando a eficácia e as taxas de cura de pacientes com doença em estágios intermediários.

 

Sobrevivência

A taxa média de sobrevida de um ano das pacientes com tumor de colo uterino é de 89%. A taxa de sobrevida em 5 anos é de 71% (dados americanos).

A chance de sobrevida em 5 anos, em casos iniciais é de praticamente 100%.

Para tumores localizados, essa taxa chega a 90%. Para o tumor já invasivo, vai de 10 até 50%, dependendo do grau de infiltração.

 

Perguntas que podem ser feitas ao médico por quem tem este câncer

  Você é apto para tratar meu câncer? Eu deveria ser acompanhada por um onco-ginecologista?

  Qual a vantagem da cirurgia sobre radioterapia? Ou da radioterapia sobre a cirurgia?

  A quimioterapia associada à radioterapia poderia ajudar?

  Será necessária uma cirurgia de estadiamento? Por quê? (ou) Por que não?

 

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